Agora eu sei o quanto basta à ceia do coração
e o quanto sobra do naufrágio
das nossas utopias.Agora eu sei o que significa a fala dos mortos
e esta parábola soterrada
que jorra das veias da pedra.Agora eu sei o quanto custa o ouro das palavras
e este pacto de sangue
com as metáforas do tempo.Agora eu sei o que se passa no coração de treva
e do homem que morre mendigando
a própria liberdade.Agora eu sei que o pão da terra nunca foi repartido
com a nossa pobreza
e com a solidão de ninguém.Agora eu sei que é preciso agarrar a vida
como se fosse a última dádiva
colocada em nossas mãos.
(Francisco Carvalho)
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